Diversidade além

Reconhecer a diversidade como parte da riqueza humana é respeitar seu semelhante e seu dessemelhante.

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JCarlos Moura.

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Crítica ao livro "O Caderno de David", de Daniel Caldeira - por Douglas Fersan




Conheci o Daniel há bastante tempo, nem sei dizer quanto. Lembro quando entrei naquela sala de aula pela primeira vez e, com meu jeito rabugento de ser, me apresentei àquela turma de sexta série. Lembro perfeitamente do olhar meio assustado do Daniel me analisando e talvez pensando "taí um professor chato".


Acredito que consegui mudar essa primeira impressão, pois não demorou muito para que vários alunos daquela classe deixassem de ser alunos para se tornarem meus amigos, embora a diferença de idade fosse grande. Dezenas deles adquiriram importância na minha vida, sendo até hoje meus amigos, mas não vou citar nenhum, pois o assunto é o Daniel Caldeira e seria injusto se esquecesse algum.


Logo percebi que o Daniel era alguém especial. Alguém que nasceu para brilhar, pois era dono de uma personalidade inquieta e crítica: não era daqueles adolescentes que aceitam o mundo ao seu redor sem contestá-lo, como também não era do tipo que sonhava mudar o mundo por pura rebeldia. Tinha os pés no chão, além de maturidade, honestidade e caráter muito além de seu tempo e espaço. É com muito orgulho que me atrevo (e é um atrevimento mesmo) a dizer que contribuí, ainda que de forma mínima, na transformação do pequeno Daniel no grande Daniel: um homem de bem, talentoso e bom caráter.


Foi com mais orgulho ainda, que recebi um belo dia, em minha casa, a visita do Daniel, já homem feito, com seu notebook embaixo do braço, dizendo-se empolgado com uma nova idéia.


O domínio da palavra escrita - a ponto de emocionar seus professores - sempre foi um talento do Daniel, mas dessa ve ele tinha um projeto mais ousado, mais abusado até, arrisco dizer. Foi com empolgação que ele mostrou à minha esposa Denise e a mim as primeiras páginas de um livro que estava começando a escrever, intitulado "O caderno de David". Não era um livro qualquer, era um livro já destinado ao sucesso. E o sucesso foi comprovado no lançamento, no dia 09 de setembro de 2010, na livraria Nobel, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo.


Por que tive certeza que já era um livro destinado ao sucesso?


Em primeiro lugar porque era escrito pelo Daniel. Depois, porque tinha conteúdo, intenção e ação.


Não se trata de um livro destinado apenas ao público GLS, embora esse seja o tema central. Trata-se de um convite a reflexão sobre temas como a descoberta interior, a luta pelo reconhecimento da dignidade, os preconceitos, os pré-conceitos, a homofogia e a busca pela felicidade - nem sempre conquistada. É um importante trabalho no sentido de derrubar o estigma do homossexual como uma figura ávida por sexo o tempo todo, promíscuo e esdrúxula. Quem ler o livro certamente não será mais o mesmo. A viseira do preconceito dará lugar à reavaliação de conceitos.


A leitura leve, porém consistente e prazerosa, cativa o leitor da primeira à última página e tem o poder de abrir a mente e aprimorar o espírito, embora, com certeza não seja essa a pretensão de Daniel, que tem entre outras tantas qualidades, a humildade.


Raramente indico livros em meus blogs ou matérias publicadas por aí afora, mas acredito que obras como "O caderno de David" merecem todo o crédito, pois não se trata de simples entretenimento, é um livro que veio para abalar estruturas truculentas e transformar corações. Segue abaixo uma pequena resenha do livro e o link para o blog do autor, o qual embora já seja um Mestre, ainda faço questão de chamar de "aluno", pois essa palavra, oriunda do latim, significa "filho adotivo" e "aquele que fazemos crescer (e não "sem luz", como muitos dizem por aí).


O CADERNO DE DAVID


Aos 23 anos David morre vítima de um câncer. Deixa aos cuidados da mãe um caderno, com o intuito de ajudar o companheiro a aceitar sua sexualidade. Nele, há pensamentos que discorrem sobre assuntos como o homossexualismo, religiosidade e amor ao próximo. Léo, ao perder o companheiro, sente-se frágil. É descoberto pela família e humilhado em praça pública. Sai da cidade deixando filhos e emprego. Um ano depois, um grupo de jornalistas descobre uma poesia escrita por ele, destinada a David. Imediatamente pede para que ele retorne, enfrentando a revolta da família. Léo é desafiado a escrever a própria história, mas para isso será preciso enfrentar seus próprios preconceitos.


"...tenho um coração colorido.

Que me perdoem os que vivem no mundo preto e branco."

(Daniel Caldeira).




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